Ontem, saí com um cara com o qual eu troquei o telefone na balada de sábado. Ele acabou de terminar um namoro de 4 anos com uma menina, ele tem 25. Conversamos sobre sentimentos de infância e adolescência. Ele diz que anda confuso, não sabe o que quer. Na verdade, ele não consegue ver sua vida daqui para frente, se ele aceitar que é gay. Pareceu ser um cara muito bacana, típico filho de boa família: estudou em boas escolas, trabalha, é independente, gentil.
Ele era bem tranquilo, mas levava tristeza no olhar. Eu, fiquei nervoso por não saber direito o que dizer para ele, logo eu que sempre tenho algo a dizer. Não conseguia dizer algo que fosse suficientemente amparador. É uma luta solitária que ele vai ter que encarar. Disse que não tem nenhum amigo gay, sabe que em seu círculo social a idéia não seria bem aceita e que para sua família seria mais que decepcionate. Mas, estava claro que o problema não era somente o julgamento alheio. Ele mesmo não conseguia se ver como gay, não de uma forma revoltante ou inconformada. Acho que o mundo gay não o fascina nem um pouco. Sua concepção de vida e valores, claramente são de um rapaz comum de classe média que gostaria de casar, ter filhos e dar continuidade à aquilo que ele teve como exemplo do que é família. Não vou conseguir resumir o que eu vi nos olhos dele e toda conversa que tivemos, mas compreendi algo que eu pensava não mais compreender: Como alguém hoje em dia ainda escolhe sofrer tanto por isso?
De resto, fomos para o banco de trás do carro. Pelados, suamos muito. Meu tesão estava em satisfazer aquele cara tão triste, fizemos coisas que eu cosiderava impossíveis de se fazerem em um banco de trás de um carro. Chegando em casa, quando deitei, depois de um banho, fiquei refletindo e por um instante pensei que talvez a solução da felicidade dele possa estar em passar noites suando no banco de trás do carro com garotos em ruas tranquilas da cidade. Mas, no final de nossa curtição, a culpa do gozo demonstrou que, de fato, aquilo não poderia ser felicidade para ninguém.