Depois de postar o "Furs For Adonis" que recria a atmosfera pornô-erótica–gay da década de 70 não me contive em não mostrar o trabalho de Peter Berlin. Mas pra falar de Peter Berlin terei que falar de outro grande artista. Peter é a figura que de certa forma personificou as famosas ilustraçõess de Tom of Finland.
As imagens criadas por Tom talvez hoje não causem tanta curiosidade e impacto pois já estão tão difundidas que parecem ser naturais da cultura gay. Os clichês eróticos como fardas, couro, bigodes, homens musculosos, volumes nas calças e mais outros foram introduzidos por esse artista nascido na década de 20 que morava em uma pequena cidade da Finlândia. Tom passou a desenhar seus fetiches que seriam revelados apenas trinta anos depois e se tornariam parte do universo erótico de algumas gerações seguintes. Era novidade a representação homossexual masculinizada e digamos que orgulhosa. Os homens fortes de Tom não demonstravam estar nem um pouco constrangidos em segurar e exibir seus grandes cacetes em cenas que eram construídas em locias públicos. A força de impacto dessas imagens e fetiches que Tom expôs e criou pode não ser a mesma de quando começou a divulgar sua arte na decada de 50, mas a influência direta na cultura gay ainda é muito forte nos dias de hoje, seja na bota uniforme dos Go-go Boys dos clubes de todo o mundo seja na forte olhada para o volume de policiais e afins.
Peter Berlin nasceu na alemanha, em 1942, em uma família aristocrata que faliu na mesma na década. Peter com vinte e poucos anos chegou a trabalhar como repórter fotográfico em uma televisão alemã, mas no início década de 70 se mudou para São Francisco. Em 73 fez o papel principal no filme " Nights in black leather" que virou hit no meio underground, Peter a essa altura já era figura conhecida e desejada nas ruas da cidade. Peter produziu e dirigiu no ano seguinte "That Boy" que também fez muito sucesso tornando-o ícone de fato. Assim circulou por diversos circulos sociais se tornando celebridade e reconhecido por muitos. Peter foi fotografado por Andy Warhol e Tom of Finland fez seis desenhos inspirados em sua imagem, colocando no papel talvez o que fosse a representação viva de sua própria obra, que era Peter.
Peter Berlin também produziu uma rica obra fotográfica. Gostava de ser seu próprio modelo em suas fotos, fez releituras e personificou o universo que Tom of Finland havia introduzido no imaginário gay e que se tornou forte referência da cultura gay da década de 70. Peter, resumo de uma estética que teve seus auge na década de 70, em sua obra soube introduzir elementos que nos remetem à sonhos, trazendo leveza ao que Tom havia explicitado de forma crua. Com colagens e pinturas sobre as fotos ele também criou seu próprio universo.